terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Não sinto.

    Não sinto nada pesado, ruim ou carregado. Só leveza. Minha superficialidade foi vazando até se resumir a nada. O ar me importa. Não, não me importa; mas é apenas o que eu sinto. Meu corpo poderia arder em fogo ou derreter em chamas; rasgar-se em sangue ou despedaçar-se até que seja apenas pó. São dores lógicas, mas não me matam de verdade. Negação. Eu gosto de sangue, eu sou um apaixonado pelo fogo. Apenas e somente eu posso entender o prazer que vejo na destruição. Está dentro de mim. Está controlando a cabeça de quem está em volta, sempre está. Eles são fracos. Eles veem destruição como dor e entram em desespero. Eu vejo destruição como força. A força de suportá-la.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Confiança.


                De todos os possíveis significados para todas as palavras que conheço, acho que não há nenhum que seja tão lindo quanto esse. Que seja tão forte e tão importante quanto esse. Que seja, além de tudo isso, tão raro. Parece uma palavra comum; tenho certeza de que qualquer um que leia isso saiba a que se refere. Mas a minha incerteza é quanto a quem realmente conhece essa palavra. Quem a sente.
                Confio em mim mesma, sempre fui assim. Sou uma das pessoas mais seguras que conheço, e talvez seja isso que me dê segurança. Confio em mim e acho isso o mínimo que mereço; porque eu não acho que ninguém deva sentir por mim o que eu não sinto. Confio em mim, mas não confio nos outros.
                E logo eu, acostumada a desconfiar de cada movimento alheio - capaz de prestar tanta atenção a ponto de questionar qualquer mudança de respiração -, aprendi a confiar. Em você.
                Algo tão absurdo, mas, pela confiança que tenho em ti, me atiraria de um prédio se estivesses ao meu lado e jurasses me segurar.  E como é bom... Como é bom te ter ao meu lado, sabendo que ali estarás sempre que eu precisar. Acreditar que alguém consegue pensar em meu lado mesmo que isso não se mescle à prioridade própria é quase surreal. É delicioso.
                Mesmo na minha arrogante e até egoísta mania de auto-suficiência, posso dizer que preciso de você. Porque sei que, sem ti, meus pulmões poderão ainda salvar o ar assim como meu coração ainda conseguirá, por meu corpo, o sangue distribuir. Mas os meus lábios... Não, estes não saberão sorrir.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Entre um e dois.

    Todos conhecem aquela história de que, em toda ocasião, há no mínimo duas opções entre as quais você pode escolher a que lhe convém. Posso chorar ou sorrir, pular ou sentar, comemorar ou lamentar. Posso correr ou posso ficar parada, assim como posso concordar ou discordar. Cortar ou reconstruir, me esforçar ou deixar pra lá. Posso matar ou alimentar, posso amar ou odiar. Posso ser dominada ou controlar, permanecer nua ou me cobrir. Posso proteger ou colocar em perigo. Agarrar ou empurrar, defender ou julgar, admirar ou menosprezar.
    Posso tudo isso, mas não o faço. Entre um caminho e outro, escolho criar um atalho. Procuro encontrar o equilíbrio; a melhor opção.
    Entre um e dois, há sempre um e meio.