sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Frio, a lua e um cigarro.

E a solidão.
O que é a solidão? Eu não sei bem. Às vezes estou sozinho, mas não sinto a solidão. Como agora - minha mente não me deixa sentir. São tantos pensamentos pra tão pouca realidade. O cigarro ajuda; a nicotina - e o delicado sabor de menta - desliza por minha garganta e torna tudo mais lento. Mais proveitoso.
Eu poderia fazer aquilo todos os dias. O ar úmido tocava a minha pele e aquilo me lembrava alguma música melosa demais para aquele momento - afinal, eu só estava em uma cobertura do prédio simples, sem nada em volta além das luzes da cidade. Eu assistia à madrugada sentado no pequeno muro que separava o chão de um abismo, atento ao brilho uniforme da lua.
O frio, a lua e um cigarro. E a solidão.
Até que senti uma pequena, porém generosa, gota de sangue correndo pela pele alva de meu pescoço. Constatei que deveria substituir o "a solidão".
Mal senti o corte em minha garganta enquanto prestava atenção demais ao último rítmo de meu coração. Já não sabia se o resto de meu cigarro de menta seria devidamente aproveitado por quem quer que seja.
Frio, a lua e um cigarro. E a morte.

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